Preservação da Memória Nacional para a Paz Sustentável na Guiné-Bissau

Ato solene de cedência de equipamentos de alta tecnologia para salvaguarda e preservação do património documental e história da nacional pelas Nações Unidas

 

No passado dia 10 de novembro, teve lugar na Biblioteca Nacional do INEP o ato solene de inauguração e demonstração dos equipamentos de alta tecnologia que ajudarão a garantir a preservação do património documental na Guiné-Bissau. Esta iniciativa, financiada pelo Fundo de Consolidação da Paz das Nações unidas, tem sido implementada com o apoio técnico e financeiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PUND) no âmbito do Projeto Estabilização Política e Reforma através de Confiança Mútua e Diálogo Inclusivo.  Esta ação visa apoiar os esforços nacionais para a salvaguarda do património documental nacional neste país e é executada pela Associação Guineense de Documentalistas, Arquivistas e Bibliotecários em parceria com o INEP.

A cerimónia foi presidida por Sua Excelência o Ministro da Educação Nacional e Ensino Superior e estiveram presentes mais cinco membros do Governo, bem como o Diretor -Geral do INEP, a Representante especial do Secretário Geral das Nações Unidas e o Representante Residente do PNUD.

No seu Discurso o titular da pasta da Educação e Ensino Superior, Dr. Ariceni Abdulai Jibrilo Baldé, afirmou que a sua presença no acto e dos membros do Governo testemunha o interesse do Governo em exortar a Sociedade Guineense em geral, Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas em particular, para mantermo-nos mobilizados na tarefa de salvaguardar e preservação do Património Documental da Pátria, tendo ainda sublinhando que o propósito da Iniciativa é o de centralizar, salvaguardar e preservar todo o Património Documental Guineense.

“Com este equipamento ficamos comprometidos em criar uma biblioteca digital para o Estado da Guiné-Bissau”, afirmou Iaguba Djaló, presidente da Associação Guineense de Documentalistas, Arquivistas e Bibliotecários.

No conflito político-militar, que decorreu na Guiné-Bissau entre junho de 1998 e abril de 1999, grande parte do acervo documental e arquivos históricos de várias instituições públicas foram destruídos.“A recuperação dessa memória tem de ser acompanhada pela nova tecnologia e estes equipamentos vão preencher essa lacuna”, disse. Segundo Iaguba Djaló, os novos equipamentos vão permitir digitalizar 120.000 documentos, 3.000 imagens fotográficas, 8.000 filmes em negativo e 4.000 microfilmes.

O equipamento oferecido vai permitir uma revolução no sistema de organização, de conservação e de partilha de dados e documentos. Iaguba Djaló  sublinhou ainda que "é um trabalho árduo e  difícil de limitar no tempo"  e frisou a importância de recursos humanos e de meios financeiros para realização e implementação de trabalhos que possam contribuir de forma eficaz para este processo que visa a preservar a história  guineense.

A reabilitação do edifício foi outro problema apontado, pois a  Guiné-Bissau por ser um país tropical, o fator humidade deve ser considerado já que prejudica a matéria orgânica e põe em risco a conservação dos documentos.

O Representante Residente das Nações Unidas Tjark Egenhoff , tomou parte deste evento e disse que "Testemunhar a organização e a modernização desta Biblioteca é algo que, a todos nós tem de encher de orgulho"  e deseja que "este seja apenas um passo para uma maior e mais abrangente intervenção de todos os Ministérios e Secretarias de Estado envolvidos direta e indiretamente neste assunto" afirmando ainda que "só garantindo o acesso da sociedade à informação, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, conseguiremos apoiar os esforços pela unidade e coesão nacional."

A salvaguarda documental é, sem dúvida, um ponto fulcral para a preservação da memória coletiva dos povos e, consequentemente, para a paz e o desenvolvimento sustentáveis, pilares fundamentais da Carta das Nações Unidas. Sem a existência de acervos arquivísticos e bibliotecas bem preservados, com condições materiais dignas, o trabalho de pensadores, investigadores e intelectuais que se dedicam ao estudo do passado revela-se um desafio muitas vezes insuperável. Neste sentido, esta iniciativa afigura-se de extrema importância para a Guiné-Bissau e para todos os que se dedicam ao estudo do seu passado e presente.