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Por uma campanha de caju sustentável e a resiliência dos trabalhadores rurais: um retrato da situação em Cacheu

8 Setembro 2020
Produtores de caju_CACHEU_Copyright Alfonso Sa

Entrevista do Sr. Alfonso Sá, Delegado Reigonal do Plano e Estatísticas da região de Cacheu sobre uma campanha de caju sustentável e a resiliência dos trabalhadores rurais: um retrato da situação em Cacheu

Cacheu é uma das regiões da Guiné-Bissau onde os produtores de caju foram afetados pela pandemia do COVID-19. Diversas iniciativas e projetos foram colocados em prática pela comunidade internacional no país para lidar com os efeitos da pandemia sobre a campanha de caju, uma das motrizes da economia nacional.

O PNUD juntou forças com o UNICEF e com o WFP para lidar com a subsistência dos mais vulneráveis na Guiné-Bissau, no âmbito do Multi-Partner Trust Fund. O foco das atividades do PNUD está em mapear produtores vulneráveis de caju em Cacheu e em Gabu, além de fornecer equipamentos para o correto armazenamento da produção de caju que não foi vendida.

Em entrevista à Plataforma Na No Mon, o Delegado Regional do Plano e Estatísticas da região de Cacheu, Sr. Alfonso Sá, nos fornece um panorama da situação dos produtores de caju na região e as potencialidades de Cacheu. O Sr. Alfonso Sá é economista por formação, com extensa experiência em projetos de desenvolvimento regional e local, incluindo a atual coordenação do projeto do MPTF. Também foi responsável regional pelo projeto “Criar Condições para Governação e Desenvolvimento Local na Guiné-Bissau – DEL”, financiado pelo PNUD e encerrado neste ano. Atualmente coordena não só as ações referentes ao projeto do MPTF, mas também do projeto “Reforço da Capacidade de Resposta a Pandemia da Covid-19 na Região de Cacheu - PRCRPC”, financiado pelo FUNDO GALEGO de Cooperação e Solidariedade.

Sr. Alfonso Sá, qual é a importância da campanha de caju na economia familiar das populações da região de Cacheu?

R: A campanha de caju é de extrema importância na economia familiar da população da região de Cacheu, pois se verifica um total predomínio da monocultura de caju nesta região, sendo considerado a base de sustento da população. Mais de 70% da população da região de Cacheu são de produtores de caju e as estatísticas nacionais revelam que Cacheu é a região campeã da produção de caju a nível da Guiné-Bissau. Uma boa campanha de comercialização de castanha de caju é o sinônimo de acúmulo de recursos e, consequentemente, da melhora de condições de vida de maioria da população nesta região.

 

Como o senhor avalia a maneira que a pandemia do COVID-19 afetou a campanha de comercialização de castanhas de caju na região de Cacheu?

R: A pandemia da Covid-19 afetou consideravelmente a campanha da castanha de caju na região de Cacheu, pois as medidas do confinamento obrigatório e fechamento das fronteiras impossibilitaram a entrada atempada dos potenciais compradores deste produto, que são na sua maioria estrangeiros. Como consequência disso, alguns produtores foram obrigados a vender suas produções a preços muito baixos, enquanto outros assistiram a ruína de suas produções inteiras devido à falta de compradores, às dificuldades de evacuação da produção para os principais mercados de venda e à falta de condições de armazenamento e transformação.

 

Quais são as principais dificuldades dos produtores atualmente?

R: As principais dificuldades dos produtores da região de Cacheu, atualmente, estão relacionadas à garantia de sustento das famílias até a próxima colheita, tendo em conta as perdas geradas pela má campanha de caju.

 

Pensando no futuro, como o senhor avalia as possibilidades para os produtores de caju no contexto pós COVID-19?

R: No contexto pós COVID-19, os produtores da região de Cacheu estarão bastante debilitados economicamente, pelo que precisarão de assistências em variados domínios para poderem se recuperar dos efeitos negativos da pandemia e para superarem as dificuldades que estão a enfrentar no momento.

 

Pensando nos agricultores e camponeses, quais foram os exemplos da resiliência das comunidades perante às dificuldades impostas pelo COVID-19?

R: Perante às dificuldades impostas pelo COVID-19, pode-se citar como exemplo da resiliência: “a maior diversificação das culturas e o aumento das áreas cultivadas por parte dos agricultores e camponeses da região de Cacheu, como forma de resistir a fome e corrigir os défices gerados pela péssima campanha de comercialização de castanha de caju”.

 

Em uma frase, o senhor poderia resumir as potencialidades da região de Cacheu?

R: A região de Cacheu é uma região com a população muito jovem, abundância das terras baixas e clima propícios para a produção agrícola, rica em recursos haliêuticos e com importantes reservas ecológicos e belas praias propícios para a exploração turística.

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