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Mulheres "Bideiras" de Buba e os Seus Desafios

22 Março 2023
Bideiras de Buba

O que significa poupança? Porquê é importante e como ela pode influenciar a atividade comercial? Estas são algumas questões que ajudaram as mulheres de Buba a entender o conceito do comercio. 

As  mulheres de Buba assim como várias mulheres guineenses trabalham arduamente e muita das vezes em péssimas condições, porque representam o principal pilar de sustento da família em todos sentidos, incluindo a nível financeiro.

Durante o período crítico da pandemia da Covid19 muitas mulheres que trabalhavam no mercado de Buba (e não só) ficaram completamente  de mãos vazias, sem o seus produtos e sem o poder de compra e venda. Nateman Dabo, é uma delas. Uma das mulher que vende há muitos anos no mercado de Buba, e que lembra com tristeza este período crítico, que era muito difícil ter uma vida normal, pois tinham horários reduzidos e dias estabelecidos para venderem os seus produtos. De facto, por causa destas restrições muitas delas viram os seus produtos estragarem por não terem condições de conservar ou esperar a próxima oportunidade de venda. Eram poucas as vezes que conseguiam vender algo, e o que ganhavam não lhes permitia fazer quase nada, sobretudo cobrir os custos do investimento. Nateman Dabo recorda que a única solução que tinham na altura era rezar para conseguirem vender tudo.

Em casa, as crianças e os restantes membros da família sentiram as dificuldades a baterem a porta, pois não existiam outros recursos financeiros à disposição para fazer face à crise. Foi precisamente observando toda esta situação dramática que a Associação para Desenvolvimento Sustentável (ADS) decidiu elaborar um projeto comunitário denominado Inclusão Financeira para ajudar estas mulheres e famílias necessitadas. Assim, a ADS decidiu entrevistar um grupo de mulheres para  entender o grau de dificuldades bem como, a disponibilidade em participar da formação de capacitação financeira ligada a gestão de pequenos negócios.  Assim sendo, foram selecionadas 40 mulheres que se comprometeram em receber um pequeno montante para reiniciar as suas atividades, e trazer "alegria" as suas famílias.  A medida que participavam da formação, recebiam informações teóricas e práticas, mas ao mesmo tempo recebiam também o retorno do investimento o que lhes permitia fazer poupanças.

Bideiras de Buba

 

Como parte da metodologia de trabalho foi criado uma caderneta poupança, que foi distribuída a todos os membros de grupo para que pudessem acompanhar o trabalho e colocar na prática o aprendizado.

Cumba Djuma Queta, também beneficiária deste projeto afirmou que o financiamento chegou na hora certa e que mudou completamente a vida delas, revolucionando a forma como trabalhavam.  A mesma afirmou que hoje sentem uma certa "segurança"  financeira porque conseguem poupar, algo que nunca tinha sido feito antes.  "Esta ajuda constitui um começo para que possamos desenvolver outras iniciativas  e alargar ainda mais a nossa atividade, por isso peço que continuem a apoiar-nos no que puderam" concluiu.  Assim como ela:

Mária Sábado da Costa confessou que antes deste projeto a atividade comercial desempenhada por elas era simplesmente vender sem fazer grandes cálculos a nível de retorno, e a nível de poupança, mas hoje entendem bem o conceito do comércio. A formação serviu de impulso para quererem aprender mais acerca do mundo do comércio. Sábado sublinhou que "é óbvio que precisamos de mais dinheiro para investir mais, mas o essencial é investir em cursos e formações de capacitação porque só assim é que vamos conseguir controlar melhor o fluxo e o volume de negócio, mas sobretudo às despesas". Para ela, é muito importante entender cada montante gasto, e todas as operações necessárias para evitar prejuízos.

Bené Na Man, declarou que antes do projecto estavam completamente desanimadas, sem capital e sem nenhum outro tipo de recursos, e que o projeto ajudou muitas crianças no seio familiar, em particular no que diz respeito à saúde(compra de medicamentos e consulta), a  educação e alimentação.

Arache Fernandes disse que elas trabalham e esforçam-se muito, entretanto,  muita das vezes não recebem  nenhum tipo de ajuda para melhorar as suas condições de vida.  Por isso, ela agradece este apoio que recebeu do PNUD através da Plataforma Na Nô Mon.  Fernandes diz orgulhosamente que viu o montante que conseguiu poupar desde que entrou no grupo.

A história de Nateman, Cumba, Mária, Bené, Arache,  tem como denominador comum, o seguinte: São todas mulheres, jovens, mães, principais responsáveis pela educação, alimentação e saúde dos filhos, e na maior parte dos casos, também dos maridos.

Esta é uma história comum num país pequeno, onde muitas mulheres independentemente das condições de trabalho,  enfrentam diariamente à vida com coragem. É importante frisar que este relevante grupo ativo contribui de forma significativa para o aumento do fluxo comercial e para melhorar a economia da região.

Hoje, o numero total das mulheres pertencentes a este projeto aumentou de 40 para 70 abrangendo como localidade Buba e Faracunda.

Bideiras de Buba

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