Comunidades Rurais de São Domingos Impotente Com Roubo De Gados Bovinos
As comunidades rurais do setor de São Domingos vivem na situação de uma autentica insegurança face ao aumento galopante de roubo de gados bovinos que tem sido uma dor de cabeça para os criadores de gados no setor. Maimuna Danfa de 47 anos de idade criadora de gados bovinos de Da N´ghaba nos arredores de São Domingos foi e continua a ser vítima de roubo constante dos seus gados. Agora rendeu-se por completo, limitando apenas denominar os ladrões de faroeste.
No dia 17 de Setembro deste ano roubaram a Maimuna Danfa quatro gados bovinos e uma vitela, testemunhando que “esta é a segunda vez que estou a ser vítima de roubo de gado. O que me deixou totalmente revoltada e muito desanimada de viver e continuar assistir esta situação acontecer sem que haja alguém que faça alguma coisa para acabar com ela.” A criadora de gabos bovinos prossegue lamentando com lagrimas nos olhos “estou de mãos atadas, não sei o que fazer. Sou viúva e é com esta atividade de cria de animais que sustento os meus filhos e pago as despesas das suas escolas.”
Não tendo nenhuma esperança de recuperar os seus quatro gados bovinos Maimuna Danfa considera que “chegamos a um ponto muito complicado. Os ladrões roubam sem que haja alguém que os identifiquem e os responsabilizem perante a Justiça. Não há aqui uma Justiça. Aqui para nós o Estado não existe,” concluindo “agora não tenho nenhuma esperança de encontrar os meus quatro gabos bovinos.”
Em declaração a reportagem da Rede de Jornalistas sobre Mercados e Economia Ilícita da Guiné-Bissau (REJOMEI-GB), o jornalista e especialista em questões de roubo dos gados bovinos de Rádio Comunitária Kasumai, Mauricio Gomes considerou que a situação de roubos gados bovinos em São Domingos está ameaçar a convivência pacifica intercomunitária que outrora existia na zona fronteiriça entre a Guiné-Bissau e Senegal.
“Existe um clima de tensão na fronteira entre as comunidades rurais criadores de gados bovinos quer da parte guineense como da parte senegalesa, “asseverou, acrescentando “as aldeias vizinhas de Senegal (Mpack, Brigadje, Brofai-Bainunca, Brofai-Djola,Tubacuta e Camarakunda ) têm denunciadas frequentemente a situação de roubo dos seus gados bovinos, acusando a parte guineense de ser responsável pela ação de
gatunagem. E a parte guineense (toda seção de Campada) fazem contra acusações de que estão a ser vítimas mentiras dos vizinhos de Senegal.”
Por seu lado, o líder tradicional da Comunidade de São Domingos, Agostinho Djaura lamentou a fraca capacidade dos agentes de policias em combater a situação de roubo de gados bovinos no setor, solicitando o maior envolvimento das autoridades policiais para evitar que o clima de tensão que reina na zona fronteiriça se descambe em conflito entre as comunidades rurais dos dois países vizinhos.
“O fenómeno que tem preocupado bastante as comunidades, é uma prática ilícita que está afetar de certa forma o rendimento económico da população local e consequentemente cria a frustração nos criadores dos gados bovinos”, disse Agostinho Djaura, acrescentando “o gado é uma espécie de um banco para um criador. Quando é roubado cria um grande problema no seio da família que tem os gados como a única fonte de rendimento económico”.
O roubo de gados bovinos é frequente no setor de São Domingos. Há acusações mutuas da população que vive na linha de fronteira que os gados roubados são escondidos num e noutro lado da fronteira dependendo de quem acusa ser guineense ou senegalês.
O Comissário de Policia da Província Norte, Sambum Seidi garantiu a reportagem da REJOMEI-GB que neste momento a corporação que dirige já montou postos permanentes de vigilância fronteiriças em Bigene, Farim e Ingoré. Comissario de Policia revelou, por outro lado, que há três meses de implementação de uma nova estratégia de trabalho as autoridades policiais já recuperaram mais de 300 cabeças de gados bovinos que foram entregues aos seus donos.
De acordo com as estatísticas da Rede Oeste Africana para a Edificação da Paz na Guiné-Bissau (WANEP – GB), no período de 2018 a 2019 foram roubados 1667 cabeças de gados bovinos por um grupo de bandos armados nas zonas fronteiriças entre a Guiné-Bissau e Senegal. Na análise daquela organização não governamental de edificação da paz que atua na Guiné-Bissau, a zona transfronteiriça com Senegal está há vários anos a ser confrontado com problemas de “roubos a mão armada” de gados bovinos. O estudo da WANEP – GB garante que este fenómeno de “roubos a mão armada” tem estado a aumentar progressivamente nos últimos anos. O que preocupa bastante as comunidades que residem na linha fronteiriça e as organizações da sociedade civil que trabalham na localidade.
Informação partilhada por: REJOMEI